ENTREVISTA: Mara Mourão, cineasta e diretora do
documentário “Quem se Importa” – assista aqui ao trailer do filme.
A presença da cineasta
Mara Mourão é uma das atrações da Oficina Lideranças 2012. Ela vai apresentar
seu documentário “Quem se Importa”, inédito na região, no dia 17 de outubro no
Sesi São José dos Campos. Ao final da exibição Mara fará um bate-papo com o
jornalista e filósofo Carlos Abranches, sobre o tema abordado no filme.
Mara Mourão conversou com
a equipe da Oficina Lideranças para falar do filme e da importância do
engajamento das pessoas na busca de mudanças no mundo. Confira a entrevista:
Seus documentários abordam iniciativas do terceiro setor e o mais
recente, “Quem se Importa”, trata do empreendedorismo social, um tema novo, que
vem ganhando destaque. O que te inspirou a levar o assunto para o cinema?
“Quem se
Importa” é o meu quarto longa metragem, e os dois primeiros filmes foram
comédias. Um desses filmes, o “Avassaladoras”, foi um sucesso de bilheteria. E
a reação do público era sempre muito boa mas ficava no “ri muito, me diverti
muito”. Decidi fazer um documentário sobre o Doutores da Alegria e a resposta
ao filme foi completamente diferente do que eu tinha com as comédias. As
pessoas me diziam que o filme havia mudado a vida delas. Fiquei chocada com o
impacto do filme. Ouvi relatos de professores dizendo que mudaram o jeito de
ensinar e de jovens que decidiram dar outro rumo em suas carreiras. Foi então
que resolvi fazer um filme na mesma linha, só que mais abrangente. “Quem se
importa” veio porque fiquei muito tocada com a reação do público e senti na
pele o impacto social que um filme pode causar.
Durante a realização do filme, o que mais te chamou atenção nas
histórias de pessoas de realidades tão diferentes, mas que compartilham do
mesmo objetivo, de transformar a sociedade?
Com esse
painel de empreendedores sociais de diversos países, e de diversas áreas de
atuação, quis mostrar que é um movimento mundial e muito rico e diversificado.
Escolhi
esses 18 nomes, depois de uma pesquisa extensa, na qual eu fui buscando pessoas
com ideias inovadoras, de baixo custo e alto impacto social, que soubessem se
comunicar bem e cujos trabalhos teriam imagens às quais eu teria acesso. Foi
muito difícil escolher, porque tive que deixar de fora milhares de pessoas
brilhantes. É por isso que estou pensando em fazer uma série de televisão, para
justamente apresentar as várias iniciativas ao redor do mundo. Busquei em
livros, internet e na rede Ashoka, um grande celeiro de empreendedores sociais.
Com o filme, você passa a entender que os transformadores podem estar na
área da educação, da saúde, do meio ambiente, dos direitos humanos, da
economia, em qualquer área. O filme passa a mensagem de que todo mundo pode
mudar o mundo, não importa em que setor. Seja ele privado, governamental ou
social. Qualquer pessoa pode fazer a diferença. O que mais me chamou atenção
foi que estas pessoas passam a plenitude de quem está fazendo o bem.
Quando esse tema passou a fazer parte da sua vida? Lembra-se de algum
momento ou situação que tenha te atraído para a questão?
Minha relação com o empreendedorismo social é antiga.
Meu marido é um empreendedor social, presidente do conselho da Ashoka (organização
internacional pioneira no fomento do modelo). Por isso, há muitos anos
tenho escutado histórias lindas de pessoas que provocam impactos positivos a
seu redor. Aos poucos, fui amadurecendo a ideia de fazer um filme sobre elas.
Quando decidi de fato filmar “Quem se Importa”, mergulhei de cabeça nessa
temática e me aprofundei nas pesquisas, conversando com diversas pessoas, entre
elas Bill Drayton e David Bornstein, dois
grandes conhecedores do assunto.
Você é uma liderança na sua área, utilizando o cinema para inspirar as
pessoas. Como cada um de nós pode se estimular e virar um agente transformador
em busca de um mundo melhor?
Sim, basta ter consciência de seu próprio poder de
transformação. Ser um transformador não é uma bênção divina, não cai do céu,
precisamos ter uma atitude pró-ativa, parar de apenas reclamar e arregaçar as
mangas. Cada vez mais os jovens estão preocupados com o coletivo. Esta nova
mentalidade, diferente da dos anos 80, voltada para o consumismo, deve ter sido
gerada pela necessidade. Afinal, pela primeira vez na história da humanidade,
temos um inimigo em comum. A
questão ambiental, do esgotamento dos recursos e da nossa própria sobrevivência
enquanto espécie nos une. E essa união é algo novo na história da humanidade.
O que acha da proposta do projeto Oficina Lideranças?
Acredito
que é uma iniciativa que busca incentivar lideranças, ou mesmo fazer com que
estas lideranças repensem seus conceitos. Acho isso muito bacana.
“Quem se Importa” é um projeto que vai além do documentário, que inclui
material didático propondo discussão do tema nas escolas e que deve mantê-la
envolvida por um bom tempo. Já teve tempo de pensar no próximo filme? A
temática social e ambiental também estará presente?
Os jovens
estão na idade certa, eles captam facilmente as novas ideias. Eles estão em
busca de uma utopia, querem uma causa para abraçar. Eles querem transformar as
coisas. Esta é melhor idade para se aprender sobre Empreendedorismo Social.
Queremos
levar o filme para o máximo de escolas possível, mostrando que empreendedorismo
social é tão importante quanto a matemática.
Tenho vários projetos para futuro, alguns
documentários de cunho social, um sobre qualidade de vida, uma ficção sobre a
história de um empreendedor. Meus filmes sempre
terão alguma mensagem positiva para ser transmitida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário